Nos últimos anos, a tensão entre a China e Taiwan tem aumentado de forma alarmante, e novos desenvolvimentos militares revelam as intenções da República Popular da China (RPC) em relação à ilha. Um dos mais significativos é a construção de barcaças de desembarque especiais, cuja finalidade é essencialmente o transporte de veículos do Exército de Libertação Popular (PLA) sobre as praias de Taiwan, como parte de uma potencial invasão em grande escala.
O site Naval News reportou que cinco dessas barcaças estão em construção no Estaleiro Guangzhou, no sul da China. Essas embarcações, que podem ser concluídas em questão de meses, representam uma capacidade crítica e até então não vista nas operações de desembarque do PLA. O conceito é simples: as barcaças atuam como um elo entre navios de guerra e a costa, permitindo que tropas e equipamentos sejam desembarcados rapidamente em território adversário.
A Flotilha Anfíbia do PLA: Um Poder em Expansão
Ao longo da última década, a Marinha do Exército de Libertação Popular (PLAN) tem se expandido rapidamente, construindo uma considerável flotilha anfíbia. Isso inclui oito docas de desembarque Tipo 071, pelo menos três navios de assalto Tipo 075 e um navio de assalto gigante Tipo 076, que também pode operar drones. Apesar de ser a segunda maior força anfíbia do mundo, atrás apenas da Marinha dos EUA, muitos analistas apontam que o PLA ainda pode estar subdimensionado para uma operação de desembarque em larga escala em Taiwan, onde a resistência seria feroz.
A estimativa é que, para garantir uma vitória, a China precisaria mover até dois milhões de pessoas através do Estreito de Taiwan. A flotilha anfíbia atual do PLAN conseguiria transportar apenas 5.000 a 6.000 soldados de uma só vez, o que levanta questões sobre como a China planeja superar esse desafio logístico.
A Lei de Transporte de Defesa Nacional e a Mobilização de Recursos
Em 2017, a China implementou a Lei de Transporte de Defesa Nacional, que permite que toda a infraestrutura de transporte, incluindo navios civis, seja utilizada para fins militares. Esta mudança facilitou o processo de modificação de embarcações comerciais, como balsas de carros, para transportes de tanques. Contudo, isso gera um novo dilema logístico: como essas embarcações, que normalmente atracam em píeres, conseguirão desembarcar veículos em uma praia?
A resposta pode estar nas barcaças de desembarque. Essas embarcações atuam como píeres flutuantes, permitindo que as balsas se aproximem da costa e descarreguem seus veículos diretamente na areia, superando a limitação dos portos fortemente defendidos.
A Vulnerabilidade e a Oportunidade das Barcaças
Embora as novas barcaças ofereçam uma solução inovadora para o problema do desembarque, elas não são isentas de riscos. Como qualquer embarcação, elas seriam vulneráveis ao fogo inimigo e a condições climáticas adversas. No entanto, a capacidade da indústria naval chinesa de produzir rapidamente cópias adicionais significa que a perda de algumas barcaças não necessariamente comprometeria uma invasão.
Essas barcaças de desembarque são um indicativo claro de que a China não está apenas se preparando para um confronto, mas também desenvolvendo capacidades específicas para garantir o sucesso de uma operação militar contra Taiwan. Com uma determinação que pode surpreender outros líderes internacionais, a China parece pronta para uma ação decisiva contra um vizinho cuja única “culpa” é a busca por sua autonomia.
Considerações Finais
O aumento das capacidades militares da China, especialmente em relação a Taiwan, deve ser visto como um sinal de alerta. À medida que as barcaças de desembarque se tornam parte integral da estratégia de invasão, a comunidade internacional precisa considerar as implicações de uma possível guerra devastadora. A situação exige não apenas atenção, mas também uma resposta coordenada entre as nações que valorizam a paz e a autodeterminação. Se e quando a invasão começar, as barcaças de desembarque podem ser a chave para o sucesso das forças chinesas, mudando para sempre o equilíbrio de poder na região.