Questionado nesta quinta-feira (24/10) sobre a incorporação da Venezuela ao Brics, cuja indicação foi barrada pelo Brasil, o presidente russo Vladimir Putin se mostrou favorável à ideia.
“Nossas posições não correspondem com a do Brasil em relação à Venezuela. Falo isso abertamente, nós falamos sobre isso por telefone com o presidente do Brasil, com quem eu tenho uma relação muito boa”, disse Putin respondendo à pergunta de uma jornalista da TV Globo, segundo o portal g1.
A declaração foi feita no encerramento da cúpula do Brics, realizada em Kazan, na Rússia.
Tanto a Venezuela quanto a Nicarágua teriam sido excluídas, a pedido do Brasil, de uma lista prévia de países candidatos ao status de parceiros do grupo que reúne as principais economias emergentes do mundo. Esses países poderão participar dos encontros, mas não terão direito a voto em questões sensíveis.
A lista oficial de associados não foi divulgada oficialmente, mas 13 nomes foram ventilados: Argélia, Belarus, Cuba, Bolívia, Indonésia, Malásia, Turquia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã, Nigéria e Uganda.
O presidente venezuelano Nicolás Maduro chegou a aparecer de surpresa em Kazan para pressionar pela incorporação de seu país.
A relação bilateral entre Caracas e Brasília vai mal desde que a diplomacia brasileira passou a cobrar transparência de Maduro por ter se proclamado reeleito em um processo amplamente rechaçado pela comunidade internacional.
“Nós acreditamos que o presidente Maduro venceu a eleição, de forma honesta”, afirmou Putin, acrescentando à jornalista da Globo ter certeza que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidaria “com essa situação [tensões com a Venezuela] de maneira objetiva”.
Dilma de novo na presidência do banco do Brics
Putin também confirmou nesta quinta que ofereceu ao Brasil manter a chefia do banco do Brics por mais cinco anos, sob a batuta da ex-presidente Dilma Rousseff – o mandato dela termina em julho de 2025.
Segundo Putin, como o país dele está em guerra com a Ucrânia, ter uma liderança russa à frente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês) poderia causar problemas na condução da instituição financeira.
“Não queremos transferir todos os problemas que estão associados à Rússia para instituições em cujo desenvolvimento nós próprios estamos interessados. Nós lidaremos com nossos problemas e cuidaremos deles nós mesmos”, disse durante coletiva de imprensa após o encerramento da cúpula do Brics.
De acordo com as regras do banco, cada país-membro do Brics indica o presidente da instituição para mandatos de cinco anos. Pelo rodízio entre os países membros, a próxima indicação para presidência do NDB é da Rússia.
Dilma assumiu o NDB em março de 2023 no lugar de Marcos Troyjo, também brasileiro e indicado pelo governo de Jair Bolsonaro.
O NDB tem atualmente cerca de 100 projetos financiados que somam aproximadamente 33 bilhões de dólares (R$ 187 bilhões). O banco tem um papel central na estratégia do bloco de ampliar os investimentos nos países do bloco e do Sul Global.
Na cúpula do Brics deste ano, Dilma foi recebida por Putin e defendeu a expansão do grupo e o uso de moedas locais para o financiamento dos países.
ra (Agência Brasil, ots)